sábado, 12 de novembro de 2011
domingo, 23 de outubro de 2011
AS CONQUISTAS DE UMA GERAÇÃO (2006-2011) - UMA REFLEXÃO SOBRE UM IMPORTANTE CAPÍTULO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL DA UFBA: OS OCUPANTES DA FARMÁCIA-ESCOLA
AS CONQUISTAS DE UMA GERAÇÃO (2006-2011) - UMA REFLEXÃO SOBRE UM IMPORTANTE CAPÍTULO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL DA UFBA: OS OCUPANTES DA FARMÁCIA-ESCOLA
Por Frederico Perez[1] e Ítalo Mazoni[2]
Tudo começou no dia 24 de março de 2006, na ocupação do prédio abandonado da Farmácia-Escola da UFBA. Estudantes de diversos cursos pleitearam vagas nas Residências Universitárias e não foram felizes em seu pedido. Na época, aquela era a segunda turma a entrar pelo Programa de Cotas e a Universidade não dera alternativa de moradia para as mais de 100 pessoas que ficaram de fora da lista para ir morar na R1, R2 e R3, que eram as Residências Universitárias da UFBA então existentes. O lema da gestão da Reitoria era “Compromisso Social”, só que na prática não existia esse compromisso e os estudantes bradavam “Cotas com permanência”. Mas a administração central respondeu à ocupação dizendo não era responsável pelos estudantes que ficaram sem vagas. Com isso os estudantes se viram num dilema: desistir do sonho de estudar na UFBA ou lutar pelos seus direitos e permanecer. E foi assim que respondemos: ocupamos e resistimos mais de oito meses no prédio da Farmácia-Escola, dormindo em colchonetes no chão de quartos apertados, com precária estrutura de banheiros (todo dia tinha fila para tomar banho) e tudo isso tendo ainda que engolir o feijão infestado de “gorgulhos” que era servido no Restaurante Universitário da Vitória.
A UFBA não estava preparada para receber os estudantes “tipo novo” (negro, de escola pública, com baixa-renda, vindo do interior ou da periferia) que agora ingressavam pelas Cotas. Mas esses estudantes eram diferentes – mais questionadores e impetuosos –, não se calaram e foram capazes de transformar unidade em ação e conseguiram “inverter a roda”. Através de mobilizações massivas, pressão na reitoria e sensibilização da comunidade acadêmica pela causa conseguimos no CONSUNI – Conselho Universitário – a criação da nova Residência Universitária da UFBA, a R5 (a ser construída na Av. Garibaldi). A Reitoria passou então a ser a nossa quarta residência a R4, palco de nossas mobilizações e nossa “Casa” sempre que as outras Residências se encontram com problemas. A R5 é hoje um novo modelo de Moradia Estudantil, com estrutura planejada e não simplesmente adaptada como nas casas herdadas de outras épocas. A R5, para nós estudantes que participamos daquele histórico momento, é um sonho concretizado. Pudemos, para além de nossas idealizações, acompanhar sua edificação enquanto nós mesmos nos construíamos. Essa conquista, além de prática, foi muito importante para reforçar a idéia de que sem organização e sem esforço conjunto não há “ganho de causa”, e serviu ainda para desmascarar aqueles que diziam que o Movimento Estudantil não servia para nada.
Durante todo este processo de mobilização, iniciamos um profundo debate acerca das condições de Assistência Estudantil então existentes na UFBA. A Universidade encontrava-se em condições precárias para prover assistência aos seus mais de 25 mil estudantes. Fato claramente espelhado pela diminuta estrutura da Superintendência Estudantil (órgão que respondia pela assistência estudantil à época), com seu orçamento quase inexistente e seu reduzido corpo profissional (poucas assistentes sociais, apenas uma pedagoga e nenhum psicólogo). Diante da conjuntura lançamos a proposta de implantação da Pró-reitoria de Assistência Estudantil, almejando que esse novo órgão tivesse o respaldo político, administrativo, orçamentário e técnico para acompanhar com planejamento todo o processo de mudança que vinha ocorrendo na UFBA. Depois de lançada a reivindicação, o processo de amadurecimento necessário para a criação da PROAE se deu na ocupação do SSOA (Serviço de Seleção e Orientação Acadêmica), quando o Movimento Estudantil usou a possibilidade de inviabilização do vestibular como forma de pressão. Mais uma vez, saímos vitoriosos e conseguimos a criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil (PROAE) no CONSUNI, e ainda com o sentimento de que agora a Assistência Estudantil seria encarada com maior responsabilidade e organização pela Reitoria.
Nos anos de 2007 e 2008 o Movimento Estudantil geral da UFBA passou por altas e baixas de organização. Tivemos nesse período a proposta dos Bacharelados Interdisciplinares e do REUNI (Projeto de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). O ME se colocou contrário a adesão da UFBA ao REUNI por acreditar que apenas 20% do aumento de verbas não seriam suficientes para garantir com qualidade o crescimento exigido pelo projeto. Assim, após decisão da Assembléia Geral dos Estudantes, ocupou-se por mais de 30 dias o palácio da Reitoria. Porém, a divisão do ME e setores oportunistas e desconstrutores como o MORU (Movimento de Ocupação da Reitoria da UFBA) fizeram a ocupação desmoronar, devido à falta de objetividade política e descompromisso com as pautas. Nesses anos, o ME geral não galgou nenhuma conquista relevante, e o pouco que se conseguiu com o REUNI para Assistência Estudantil foram recursos para compra de alimentos para o RU Ondina e o indicativo de construção de uma nova Residência Universitária ao qual não possui nem projeto pronto.
Em 2009, intensificamos através do Fórum de Assistência Estudantil o debate de uma pauta antiga de reivindicação do ME, o Restaurante Universitário. Fechado há mais de 20 anos, o RU Ondina ou “Elefante amarelo”, teve sua abertura embargada por conta de um processo jurídico na Justiça, enquanto a Reitoria na figura do vice-reitor José Mesquita, dizia-nos que o processo estava em andamento e que o Restaurante logo seria aberto. Em parceria com o DCE, a Representação das Residências Universitárias decidiu intervir ativamente e verificou que o processo encontrava-se na 7ª Vara de Justiça no bairro de Sussuarana e que o juiz responsável era professor da faculdade de direito da UFBA. Assim, depois de algumas audiências com o Juiz e reuniões exaustivas com a Reitoria, conseguimos “destravar” o processo, o que possibilitou a realização de uma nova licitação para contratar uma empresa para iniciar a produção das refeições. Apesar de defendermos a gestão 100% pública do RU, nós todos sabemos da importância que o RU tem diariamente para os estudantes, e seria uma irresponsabilidade nossa deixar o RU fechado. De modo que sua abertura através de gestão mista foi considerada uma das maiores vitórias de nossa geração. Preferimos garantir a abertura imediata e optamos por disputar internamente, nos espaços deliberativos, a melhoria dos serviços, a diminuição do preço sem diminuição da qualidade, além da necessidade de ampliação da produção de refeições e da implantação de pontos de distribuição pelos campi da Universidade. Cabe agora ao ME cobrar da administração central que essas pautas sejam aprovadas.
Em 2010, ao introduzirmos a proposta de 15% do Orçamento bruto da UFBA para Assistência Estudantil casada com o debate de orçamento universitário participativo lançamos “divisores de águas” no Movimento estudantil. A discussão do orçamento participativo como forma de controle social até então só existia na esfera de gestão de prefeituras. Para administração central da UFBA, os estudantes eram considerados incapazes de fazer o debate técnico e político sobre a condução dos rumos da Universidade, mas nós, de forma organizada, ocupamos os espaços institucionais e não ficamos apenas nas palavras-de-ordem. E, apesar de não termos ainda obtido os “15%” e do financiamento (rubrica específica) continuar a ser o centro dos debates, abrimos uma discussão importantíssima e fundamental sobre a necessidade da PROAE ter orçamento fixo e próprio, independente de arrecadações da UFBA ou emendas parlamentares. Além disso, não deixamos de fazer os debates sobre o aumento do número, do valor e pelo fim da contra-partida (conforme estabelece a LOAS) das bolsas de permanência, por melhores condições nas Residências e na Creche, mais segurança, mais livros nas bibliotecas, melhor estrutura para os novos cursos e cursos noturnos, entre outros pontos.
Por fim, em 2011, já alguns de nós tendo concluído a graduação, deixamos a Universidade Federal da Bahia com o sentimento de satisfação por tantas vitórias. Tivemos a sorte de estar “na hora certa, no lugar certo”. Contamos com a conjuntura do Governo Lula onde, por exemplo, os recursos para o Ensino Superior passaram de 17 bi para 65 bilhões, dando outros horizontes às Universidades Públicas. Porém, conscientes de nossa responsabilidade não esperamos, fomos à luta e conquistamos nossas pautas. E durante esses últimos cinco anos os estudantes da UFBA passaram, pelo menos em alguns momentos, a serem considerados prioridade. Hoje as Residências Universitárias 1 e 2 encontram-se reformadas, assim como a Creche e o RU Vitória; foi criado o Projeto Permanecer (para distribuição de bolsas de permanência), houve a criação e ampliação da bolsa de auxílio-moradia, a manutenção do SMURB, dentre outras conquistas. Enfim, é sempre preciso registrar: nada disso fora benesse da administração e sim fruto das lutas e disputas políticas do ME como um todo. Assim, essa geração que se despede deixa votos de que esse novo período seja também repleto de conquistas, e que nossos erros e acertos possam servir de aprendizado aos que agora iniciam sua jornada. Há braços de lutas companheiros!
domingo, 16 de outubro de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Após assassinato no campus, estudantes e reitoria da USP divergem sobre a questão
O assassinato de um estudante, na última quarta-feira 18, trouxe novamente à tona um antigo debate sobre a presença da Polícia Militar no campus da Universidade de São Paulo. A repercussão do caso foi imediata, e logo provocou manifestações contrárias e favoráveis a uma intervenção policial ostensiva na maior universidade do país. Em pouco tempo, a notícia já circulava pelo Twitter e dois eventos foram criados no Facebook - ”Mais segurança para a USP!” e “PM na USP” – com participação de alunos de diversas entidades. As aulas foram paralisadas e alunos organizaram manifestação na frente da faculdade pedindo por mais segurança durante a manhã do dia seguinte ao crime.
Em entrevista a rádio CBN, o reitor da USP, Grandino Rodas admitiu que não vê problemas na entrada de rondas da PM. No mesmo dia, o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Polícia Militar do Estado está “disposta” a reforçar a segurança da universidade.
O assassinato aconteceu no estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Felipe Ramos Paiva, de 24 anos, aluno do curso de Atuária, foi morto com um tiro na cabeça ao deixar a aula, depois de uma suposta reação a um assalto.
Segundo testemunhas, o estudante teria sido seguido pelo assaltante enquanto caminhava para seu carro, um Passat blindado, por volta das 21h30. Felipe tentou entrar no carro para se proteger quando ocorreu o disparo. O corpo permaneceu caído no chão, entre dois carros, até a chegada da perícia. Às 23h40, o diretor da FEA chegou ao local, seguido dos pais do estudante alguns minutos depois.
Apesar do clima de comoção, o Diretório Central dos Estudantes da USP é firme ao defender que a entrada da Polícia no campus não é a solução. “A Polícia é o caminho mais fácil, mas não resolve os problemas de segurança de fato”, afirma Amanda Voivodic, da atual gestão da entidade. Para ela, a entrada da Polícia isentaria a direção da Universidade de se manifestar e tomar providências em relação à segurança dos alunos. “Não há iluminação no campus, falta manutenção de postes de luz, poda da copa das árvores. É necessária uma maior qualificação da Guarda Universitária”, diz a estudante, em referência aos profissionais responsáveis pela segurança patromonial do campus que não têm autorização para portar armas.
Em 2009, a então reitora Suely Vilela permitiu que a PM entrasse no campus para reprimir uma manifestação estudantil e sindical dentro da Universidade, durante o episódio da ocupação da reitoria. “O debate tem a ver com o papel que a Polícia cumpre na sociedade, de caráter violento e a serviço de um governo”, pontua Voivodic.
Histórico
Ao que tudo indica, o crime de ontem faz parte da sequencia de casos de violência que atingem a Cidade Universitária. Desde o início do ano, foram relatados casos de sequestros relâmpagos e furtos. Ronaldo Pena, chefe da Guarda Universitária, estava presente no local do crime, mas não se manifestou sobre o assunto.
Nos meses de janeiro, fevereiro e março, o 93º Departamento Policial do Jaguaré, responsável pelas ocorrências na região da Cidade Universitária, registrou 16, 23 e 44 roubos de veículos respectivamente. Os números justificaram a Operação Impacto, efetuada pela Polícia Militar em parceria com a Guarda Universitária e posta em prática nesse último mês.
Em resposta a onda de violência, a Reitoria da USP realizou reunião de Conselho Gestor no dia 3 de maio. O encontro decidiu pela elaboração de um plano geral de segurança para os sete campi da Universidade, mas informações mais detalhadas não foram fornecidas pela assessoria de imprensa.
domingo, 1 de maio de 2011
Primeira reunião ordinária da ACEB em 2011
Nesse primeiro encontro foi debatida a organização da entidade para o primeiro semestre deste ano, bem como estratégias de atuação tendo em vista o fortalecimento do movimento de casas. Ficou definido nesse encontro que a ACEB centraria esforços na fundação de novas moradias estudantis, assessorando os movimentos dos estudantes de Seabra, Caculé e Caetité. Além disso, a entidade se comprometeu em atualizar o mapeamento das casas de estudantes em Salvador e se reaproximar das mesmas. Nesse sentido, foi cogitado retomar ainda nesse semestre os famosos “babas” da ACEB e a realização do 2º Forró da associação.
Desse modo, discutiu-se também a intervenção da ACEB no Conselho Estadual de Juventude (CEJUVE), já que nos próximos dois anos, a entidade ocupará uma cadeira nesse importante fórum de debates da juventude baiana. Em outro momento da reunião, os residentes explanaram sobre a importância da retomada do debate sobre a Residência Estudantil de Padre Torrend, moradia estudantil localizada nos Barris, de caráter estadual, tida como a mais antiga da Bahia, que se encontra no momento em total estado de defasagem.
Ao final da reunião, definiu-se que a entidade estaria engajada na construção do Encontro Nacional de Casas de Estudantes (ENCE), que será realizado em Feira de Santana nos próximos meses. Outrossim, estabeleceu-se que a entidade vai se empenhar na realização de eleições internas ainda no início do próximo semestre.
Desde já, agradecemos aos companheiros da Residência Estudantil de Guanambi pelo esforço em assegurar a realização desse primeiro encontro, bem como a presença dos estudantes de Canarana, Caculé, Uibaí e Mucugê, que se colocaram a disposição para efetivação de tarefas a serviço do movimento de casas. Por fim, convocamos todos e todas para a próxima reunião da ACEB que ocorrerá no próximo sábado, dia 07 de maio, às 15h, na Residência Estudantil de Mucugê, localizada na Rua Arquimedes Gonçalves, 86, Edf. Mucuri, AP. 700, no Jardim Baiano.
A presença dos companheiros e das companheiras residentes é de fundamental importância para o fortalecimento da nossa entidade!