Trabalhador pobre foi quem mais ganhou entre 2002 e 2008, diz estudo do Ipea
Os trabalhadores com menor salário e menos qualificação foram os mais beneficiados com aumento da renda, no período 2002/2008, segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado ontem (13).“A Evolução Recente dos Rendimentos do Trabalho e o Papel do Salário Mínimo” mostra que os ganhos do salário mínimo, sobretudo a partir de 2004, foram os fatores que mais contribuíram para o aumento da renda. Mostra também que os trabalhadores mais qualificados perderam renda, excetuados aqueles que atuavam em setores favorecidos por investimentos estatais, como infraestrutura e energia.Num período em que a renda média nacional do trabalho aumentou 7,58%, os pequenos agricultores acumularam ganhos de 21,15%; os salários dos trabalhadores domésticos cresceram 15,36%; os trabalhadores não brancos obtiveram alta de 17,92%; aqueles com até quatro anos de estudo tiveram aumento de 12,39%; os trabalhadores das áreas rurais aumentaram seus ganhos em 28,15%; e os nordestinos passaram a ganhar 19,69% a mais.Ao contrário destes, os trabalhadores mais qualificados sofreram perdas salariais entre 2002 e 2008. Quem tinha mais de 11 anos de estudo perdeu 12,76%. Professores e profissionais das áreas de ciências biológicas e de saúde foram os que mais perderam. Médicos e enfermeiros, por exemplo, amargaram perdas que somaram 5%. Os professores com formação superior tiveram perda de 2,6%. “O salário desses profissionais destoa do nível de escolaridade e destoa também do resto. Com isso, conclui-se que não há valorização dos profissionais que cuidam da nossa educação e da nossa saúde”, assinalou Sandro Carvalho, pesquisador do Ipea.Para o pesquisador, a tendência, no curto prazo, é de que não haja aumento da demanda por profissionais mais qualificados, por causa da atual estrutura da economia do país, voltada para a exportação de commodities, e da desestabilização das economias da Europa e dos Estados Unidos, países compradores de produtos industrializados brasileiros. “As empresas brasileiras não exigem grande qualificação. Tem havido um aumento da oferta, mas não há, em contrapartida, um aumento da demanda por esses profissionais de nível superior”.Segundo Sandro Carvalho, para que a mão de obra qualificada seja mais valorizada é preciso que o país desenvolva uma política industrial. “Não podemos ficar presos a essa condição de fornecedores apenas de matéria-prima e de serviços com pouca qualificação. É preciso investir na qualificação e, ao mesmo tempo, em uma política para aumentar a demanda por essa qualificação”.
Os trabalhadores com menor salário e menos qualificação foram os mais beneficiados com aumento da renda, no período 2002/2008, segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado ontem (13).“A Evolução Recente dos Rendimentos do Trabalho e o Papel do Salário Mínimo” mostra que os ganhos do salário mínimo, sobretudo a partir de 2004, foram os fatores que mais contribuíram para o aumento da renda. Mostra também que os trabalhadores mais qualificados perderam renda, excetuados aqueles que atuavam em setores favorecidos por investimentos estatais, como infraestrutura e energia.Num período em que a renda média nacional do trabalho aumentou 7,58%, os pequenos agricultores acumularam ganhos de 21,15%; os salários dos trabalhadores domésticos cresceram 15,36%; os trabalhadores não brancos obtiveram alta de 17,92%; aqueles com até quatro anos de estudo tiveram aumento de 12,39%; os trabalhadores das áreas rurais aumentaram seus ganhos em 28,15%; e os nordestinos passaram a ganhar 19,69% a mais.Ao contrário destes, os trabalhadores mais qualificados sofreram perdas salariais entre 2002 e 2008. Quem tinha mais de 11 anos de estudo perdeu 12,76%. Professores e profissionais das áreas de ciências biológicas e de saúde foram os que mais perderam. Médicos e enfermeiros, por exemplo, amargaram perdas que somaram 5%. Os professores com formação superior tiveram perda de 2,6%. “O salário desses profissionais destoa do nível de escolaridade e destoa também do resto. Com isso, conclui-se que não há valorização dos profissionais que cuidam da nossa educação e da nossa saúde”, assinalou Sandro Carvalho, pesquisador do Ipea.Para o pesquisador, a tendência, no curto prazo, é de que não haja aumento da demanda por profissionais mais qualificados, por causa da atual estrutura da economia do país, voltada para a exportação de commodities, e da desestabilização das economias da Europa e dos Estados Unidos, países compradores de produtos industrializados brasileiros. “As empresas brasileiras não exigem grande qualificação. Tem havido um aumento da oferta, mas não há, em contrapartida, um aumento da demanda por esses profissionais de nível superior”.Segundo Sandro Carvalho, para que a mão de obra qualificada seja mais valorizada é preciso que o país desenvolva uma política industrial. “Não podemos ficar presos a essa condição de fornecedores apenas de matéria-prima e de serviços com pouca qualificação. É preciso investir na qualificação e, ao mesmo tempo, em uma política para aumentar a demanda por essa qualificação”.
Brasília Confidencial
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