sábado, 16 de janeiro de 2010

Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos povos.Haiti Urgente!

87, rue du Faubourg Saint-Denis – 75.000 Paris (França)

Haiti Urgente!

O Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AcIT), traz ao conhecimento de todos os trabalhadores de todo o mundo - tomados de horror diante do terrível martírio ao qual, mais uma vez, é submetido o povo haitiano - o apelo lançado pela Associação dos Trabalhadores e dos Povos do Caribe.

SIM À SOLIDARIEDADE COM OS TRABALHADORES E O POVO DO HAITI (trechos)
A Associação dos Trabalhadores e Povos do Caribe, ATPC, manifesta sua total solidariedade com o povo haitiano golpeado, uma vez mais, por um terremoto de forte intensidade que acaba de atingir o país(...).
A ATPC ressalta que a amplitude dos danos e do número de vítimas causados pelo terremoto, assim como o aprofundamento dos sofrimentos das populações, são consequência das flagrantes carências de infraestrutura, da situação em que se encontram a maioria dessas infraestruturas e as habitações, do desemprego que atinge mais de 60% dos trabalhadores, dos salários de miséria (menos de dois euros por dia – cerca de R$ 5,00) enquando o governo do Haiti paga semanalmente mais de um milhão de dólares às instituições internacionais a título da suposta dívida externa.
A ATPC chama os povos da Guadalupe e de todo o Caribe a protestar contra essa situação. Chama os trabalhadores e povos do Caribe a responder às ações de solidariedade com o povo do Haiti, notadamente às organizadas pela ATPC.
A ATPC reafirma que a situação atual do Haiti não decorre nem de alguma fatalidade nem de uma maldição, mas sim da superexploração, da submissão imposta pelas potências ocidentais, particularmente a França e os Estados Unidos, ao povo haitiano, à nação haitiana, primeira República Negra do Mundo que venceu as tropas de Napoleção 1º que vieram restabelecer a escravidão em Guadalupe, em 1802.
ATPC
(Guadalupe, 13 de janeiro de 2010)

-Setenta e duas horas depois do terremoto, o caos pavoroso no qual tentam sobreviver milhões de haitianos torna ainda mais urgente esse apelo:
-«Sem Estado e face à ineficiência da ONU, os haitianos estão entregues à própria sorte» declara um universitário brasileiro em pesquisa no Haiti, presente durante o terremoto. Ele acrescenta: «os haitianos estão fatigados de promessas daqueles que dizem representar a 'comunidade internacional'. Afinal de contas, por que eles estão aqui? Depois de seis anos de ocupação, os hospitais e as escolas estão em ruínas» (Folha de São Paulo, 14 de janeiro).
-Resposta dos Estados-Unidos: o envio de 10.000 fuzileiros navais! Paraquedistas estadunidenses se apossaram do aeroporto, o Exército dos Estados Unidos controla hoje todos os pontos estratégicos da ilha. Um porta-aviões nuclear estadunidense ocupa o porto devastado, um navio de guerra da guarda-costeira patrulha as águas de Porto Príncipe, um outro está prestes a chegar. O Haiti, isolado do mundo, está herméticamente fechado.
-Ao mesmo tempo, o governo dos Estados Unidos mantém a proibição de entrada de cidadãos haitianos no território dos Estados Unidos e nomeia co-presidente da «missão de salvação do Haiti» o Sr. G.W.Bush, o homem da guerra do Iraque e do Afeganistão, o mesmo que, como presidente dos Estados Unidos, não moveu uma palha para socorrer as centenas de milhares de vítimas, a maioria negros, do furacão Katrina, em Nova Orleans.

-O FMI, que pela boca de seu presidente, M.Strauss Kahn, se declara pronto a desbloquear alguns milhões de dólares de ajuda, continua a exigir o pagamento integral da dívida externa que há anos sangra o povo e a nação haitiana.
-Primeira reação do ministro francês dos negócios estrangeiros, M.Kouchner, apenas algumas horas depois da catástrofe, e no mesmo momento em que milhares de haitianos estão sepultados sob as ruínas e que os mortos já se contam por dezenas de milhares e os desabrigados aos milhões: «é preciso preservar a ordem, impedir a pilhagem, garantir as propriedades»! E o ministro dos negócios estrangeiros do Brasil, Celso Amorim, acrescenta: «Está claro que essa tragédia requer uma atenção especial no que concerne à ordem e à segurança. Ainda mais que prisões foram destruídas» (O Estado de S.Paulo, 14 de janeiro).
É verdade que houve uma catástrofe natural, a ruptura de placas tectônicas ao longo de uma falha geológica de longa data identificada.
Mas se há 50 a 100 mil mortos é porque os edifícios, as habitações (sem falar das favelas) não foram concebidas para responder às normas anti-sísmicas. Se há centenas de milhares de outras mortes anunciadas é porque não há hospitais, não há nenhum meio de transporte, não há infraestrutura do Estado, não há serviços públicos... Isso não é «natural», isso é o resultado de uma política deliberada colocada em prática durante anos e anos sob a disciplina férrea do FMI. As «grandes potências» sustentaram a ditadura Duvalier até 1981 e, depois, o golpe de estado que cassou o presidente Aristide, em 2004, para instalar o governo atual apoiado sobre as baionetas da MINUSTAH.
O que estamos acusando aqui é a política do conjunto dos governos que, durante anos e anos, conduziram esse país, esse povo pobre entre os pobres, ao abismo da miséria no qual se encontrava no momento do terremoto. Os mesmos governos que, hoje, fingem chorar sobre a sorte do povo haitiano.
O que devasta o Haiti é, em verdade, uma catástrofe social, política, econômica, cuja responsabilidade é desses governos e de ninguém mais.
Sim à solidariedade com o povo, os trabalhadores, a juventude do Haiti! Sim!
Mas também é preciso dizer claramente que a primeira exigência é:
-anulação imediata da dívida externa!
-restituição ao povo haitiano de sua plena soberania, fim da ocupação militar! O que o Haiti precisa é de médicos, enfermeiros, engenheiros e não de soldados!
-abertura de todas as fronteiras dos Estados aos quais os cidadãos haitianos desejem chegar!
As organizações sindicais e populares haitianas (*) que organizaram em dezembro de 2008, em Porto Príncipe, a Conferência Continental pela Soberania do Haiti, apelaram à solidariedade operária internacional.
A Associação dos Trabalhadores e Povos do Caribe e o Acordo Internacional dos Trabalhadores se associam a esse apelo.
As contribuições podem ser enviadas por meio do fundo da Conferência Mundial Aberta (mencionando HAITI), no seguinte endereço: 87, rue du Faubourg Saint-Denis – 75.000 - Paris (Françã), que fará chegar as doações ao Haiti.

Paris, 15 de janeiro de 2010

(*) Entre as quais a CATH-Central Autonoma dos Trabalhadores Haitianos, a CTSP-Confederação dos Trabalhadores do Setor Público, a ADFEMTRAH-Associação das Mulheres da CATH, o POS-Partido Operário Socialista Haitiano, a KOTA-Konfédorasyon travayè aisyen (Confederação dos Camponeses), a ’UTSH-União dos Trabalhadores Sindicalizados Haitianos, a CISN-Confederação Independente, sindicato nacional, a FOS-Federação dos Operários Sindicalizados.

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