quinta-feira, 19 de maio de 2011

Após assassinato no campus, estudantes e reitoria da USP divergem sobre a questão


O assassinato de um estudante, na última quarta-feira 18, trouxe novamente à tona um antigo debate sobre a presença da Polícia Militar no campus da Universidade de São Paulo. A repercussão do caso foi imediata, e logo provocou manifestações contrárias e favoráveis a uma intervenção policial ostensiva na maior universidade do país. Em pouco tempo, a notícia já circulava pelo Twitter e dois eventos foram criados no Facebook - ”Mais segurança para a USP!” e “PM na USP” – com participação de alunos de diversas entidades. As aulas foram paralisadas e alunos organizaram manifestação na frente da faculdade pedindo por mais segurança durante a manhã do dia seguinte ao crime.

Em entrevista a rádio CBN, o reitor da USP, Grandino Rodas admitiu que não vê problemas na entrada de rondas da PM. No mesmo dia, o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a Polícia Militar do Estado está “disposta” a reforçar a segurança da universidade.

O assassinato aconteceu no estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Felipe Ramos Paiva, de 24 anos, aluno do curso de Atuária, foi morto com um tiro na cabeça ao deixar a aula, depois de uma suposta reação a um assalto.

Segundo testemunhas, o estudante teria sido seguido pelo assaltante enquanto caminhava para seu carro, um Passat blindado, por volta das 21h30. Felipe tentou entrar no carro para se proteger quando ocorreu o disparo. O corpo permaneceu caído no chão, entre dois carros, até a chegada da perícia. Às 23h40, o diretor da FEA chegou ao local, seguido dos pais do estudante alguns minutos depois.

Apesar do clima de comoção, o Diretório Central dos Estudantes da USP é firme ao defender que a entrada da Polícia no campus não é a solução. “A Polícia é o caminho mais fácil, mas não resolve os problemas de segurança de fato”, afirma Amanda Voivodic, da atual gestão da entidade. Para ela, a entrada da Polícia isentaria a direção da Universidade de se manifestar e tomar providências em relação à segurança dos alunos. “Não há iluminação no campus, falta manutenção de postes de luz, poda da copa das árvores. É necessária uma maior qualificação da Guarda Universitária”, diz a estudante, em referência aos profissionais responsáveis pela segurança patromonial do campus que não têm autorização para portar armas.

Em 2009, a então reitora Suely Vilela permitiu que a PM entrasse no campus para reprimir uma manifestação estudantil e sindical dentro da Universidade, durante o episódio da ocupação da reitoria. “O debate tem a ver com o papel que a Polícia cumpre na sociedade, de caráter violento e a serviço de um governo”, pontua Voivodic.

Histórico

Ao que tudo indica, o crime de ontem faz parte da sequencia de casos de violência que atingem a Cidade Universitária. Desde o início do ano, foram relatados casos de sequestros relâmpagos e furtos. Ronaldo Pena, chefe da Guarda Universitária, estava presente no local do crime, mas não se manifestou sobre o assunto.

Nos meses de janeiro, fevereiro e março, o 93º Departamento Policial do Jaguaré, responsável pelas ocorrências na região da Cidade Universitária, registrou 16, 23 e 44 roubos de veículos respectivamente. Os números justificaram a Operação Impacto, efetuada pela Polícia Militar em parceria com a Guarda Universitária e posta em prática nesse último mês.

Em resposta a onda de violência, a Reitoria da USP realizou reunião de Conselho Gestor no dia 3 de maio. O encontro decidiu pela elaboração de um plano geral de segurança para os sete campi da Universidade, mas informações mais detalhadas não foram fornecidas pela assessoria de imprensa.

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