O estudante negro cotista não só tem permanecido na faculdade como tem demonstrado desempenho igual – ou superior – aos demais alunos. Isso é o que mostram os dados da Universidade Federal da Bahia (Ufba), divulgados no mês passado, pelo Serviço de Seleção, Orientação e Avaliação, em referência à primeira turma ingressa pelo sistema de ações afirmativas, em 2005. Ainda sem números concretos, uma pesquisa da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em andamento há um ano, antecipa conclusões similares, cujo resultado deve sair em março. "As taxas de evasão dos cotistas são relativamente menores e o desempenho é bastante semelhante. Há casos, nas ciências humanas, acima da média", atesta Wilson Mattos, pró-reitor de pós-graduação. Na Ufba, entre estudantes na faixa mais alta (7,6 a 10), cotistas apresentaram notas melhores em cursos como ciências da computação, engenharia elétrica, química, fonoaudiologia, enfermagem, farmácia e comunicação. Em medicina, há uma diferença: no 9º semestre da turma de 2005, 86,7% dos cotistas tiveram desempenho entre 7,6 e 10, perante 91,7% dos não-cotistas. Quando o assunto é reprovação por falta, não é diferente. Em engenharia elétrica, apenas foi reprovado 0,19% dos cotistas, contra 2,71% dos demais. Em comunicação, perderam 9,48% dos que entraram por cotas e 11,21% do restante. Só em medicina, foi reprovado 1,19% dos cotistas, diante de apenas 0,17% dos não-cotistas. Em nove cursos de prestígio (entre eles arquitetura, engenharia e direito), a taxa de jubilamento de cotistas foi zero. "O argumento de que o cotista abandonaria não tem consistência analítica", diz o Jocélio Teles, pesquisador do Centro de Estudos Afro-Orientais e coordenador do Fórum Interinstitucional em Defesa das Ações Afirmativas. "Os dados são positivos e mostram que a adoção de cotas promoveu a democratização do ensino, sem perda de qualidade", analisa Teles. O reitor Naomar de Almeida diz que a qualidade da Ufba cresce: "Começamos a dar uma virada. A mudança no perfil do alunado trouxe a diversidade" .
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